Primeira fase: Sem solução
A família:
A família se encontra desestruturada nessa fase. Seus membros buscam encontrar culpados: Pai acusa mãe e vice-versa, filhos acusam os pais, etc. Os familiares tentaram de tudo: igrejas, centros espíritas, curandeiros, remédios milagrosos, médicos, psicólogos, psiquiatras e clínicas. Nada, porém, surtiu efeito.
Os membros da família começam a se agredir e a ofender o dependente. Na visão de todos isto não é doença, mas sim, safadeza e falta de vergonha na cara. Essas ofensas alimentam o complexo de inferioridade já existente no dependente, criando desta forma, condições para agravar mais ainda o quadro em que se encontra o dependente químico.
No desespero, a família joga a última cartada quando encontra um grupo de apoio. Com vergonha e muito receio, é comum a família adiar a decisão de ir de encontro a um grupo de ajuda mútua. Depois de muito sofrimento, algumas pessoas da família joga a última cartada e toma a decisão de ir à uma reunião. Mesmo sem acreditar muito na possibilidade de mudanças da situação, alguém toma a iniciativa.
O dependente:
O dependente tem a consciência de que a droga está destruindo a sua vida. Já se encontra com a saúde física e psíquica destruída. Perdeu o emprego e os bens materiais adquiridos. Muitas vezes já tem envolvimento com a polícia e com traficantes de drogas. Nesta situação, ele não encontra forças para resistir a “fissura”, ou seja, o desejo intenso de fazer o uso da próxima dose. Ele tenta de todas as formas a parar sozinho e todas as tentativas são fracassadas.
Neste caos ele começa a perder a família e a cair num vazio existencial terrível que pode levar à depressão e, consequentemente, ao retorno do consumo compulsivo da droga.
Alguns chegam a verbalizar estes sentimentos, outros os ocultam como mecanismo de defesa do olhar do outro, especialmente familiares e colegas de trabalho. Neste contexto, o dependente dificilmente encontrará forças para sair deste ciclo sozinho. Ele precisa de ajuda urgente e ninguém melhor do que a família e os amigos para estenderem as mãos. Para isto, aprender a ajudar de maneira objetiva e técnica é fundamental.
2 Comentários
Difícil. Ele acha que não precisa de psicologo e nem psiquiatra.
Difícil colocar o filho fora de casa..
Vejo muitas familias nessas condições. Foi assim com meu irmão… e é até hoje. Foram várias internações voluntarias, sem sucesso. Hoje em dia, ele usa as internações para continuar com o uso das drogas. Em relação a minha filha, eu a internei involuntariamente e ela me odeia por isso. Não me importo, pois sei que isto a assalvou. Ela estava gastando toda grana na cocaína e alcool. Dormia fora dois, três dias. Só retornava quando a grana acabava, e diz que eu estou exagerando… Logo, não, as noites que ela ficou fora, nao deixei de dormir e nem deixei de fazer minhas coisas. Não pretendo deixar de viver pelo falo da minha amada filha escolher em deixar de viver. EU só tenho condições de me manter no nosso tratamento, pois fora dele não há vida.